O INVENTÁRIO DO FIM DO MUNDO

INVENTÁRIO DO FIM DO MUNDO é o título de uma exposição do duo de artistas, Sama & Luísa Sequeira, que ocupou a Galeria Porto ao Porto no decorrer de Novembro de 2025 na cidade do Porto em Portugal. A exposição teve a curadoria de Fabiano Fernandes e da Oficina Imperfeita. “Inventário do Fim do Mundo” é uma alegoria ao fim do mundo, nos parâmetros ocidentais que nós conhecíamos até então, pois, segundo os próprios artistas, sob a força dos recentes factos e eventos sócio-políticos-econômicos da história, chegamos a um ponto de ruptura irreversível. 

 


 A miscelânea de linguagens e suportes das obras, mostram ao público as possibilidades e o poder crítico da Arte Contemporânea, quando aplicados por artistas engajados sobre as questões de seu tempo. Na exposição podemos contemplar desenhos, pinturas, objectos, instalações e vídeos, que ao longo dos anos vieram a construir um corpo de trabalho, tanto coletivo como individual, de obras artísticas que diferem-se nas questões formais, mas se encaixam na definição de anti-hegemônicas.

Nesta ocupação da Galeria FFAC (@_portoaoporto), o público contemplou uma exposição que foi composta na sua maior parte, por trabalhos inéditos da dupla, Sama & Luísa Sequeira, onde encontramos referências ao Cinema B, à Política, às Distopias da Ficção Científica, BDs etc… Temas caros a ambos os artistas, que vão da observação crítica e poética da realidade quotidiana, como as emergências de Estados Policiais para qual rumamos, a perda de direitos sociais adquiridos, até os cenários de conflitos reais que estão a ocorrer como Palestina e Ucrânia, além dos latentes cenários de tensão na Venezuela e Taiwan. Há na exposição uma denúncia, e ao mesmo tempo, um convite à reflexão sobre o mal-estar geral deste primeiro quarto de século XXI no Norte Global. Parte das obras da exposição nos são apresentadas como uma releitura de referências à Cultura Pop, mas não num aspecto nostálgico, mas sim de uma forma mais ácida e demolidora, expondo os efeitos das tendências tecno-neoliberais, que aceleram o colapso ambiental e o declínio do modo de vida ocidental. Entretanto, há espaço para um vislumbre de esperança, numa reverência ao sagrado feminino e a nossa ancestralidade comum.

Luísa Sequeira nasceu em Portugal. É realizadora, artista visual e curadora de cinema. Transita em diferentes plataformas; vídeo, filme, teatro, fotografia e colagem, explorando as fronteiras entre o digital e o analógico. Tem uma especialização em realização de documentários e um doutoramento em Arte dos Media. 

Sama (Eduardo Felipe Dutra) é um artista brasileiro que vive e trabalha em Portugal. Integrou a geração 2000 da Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro. Sua produção constitui um “Atlas”, que se desdobra por linguagens e dispositivos como: Desenho, Pintura, Escrita, Colagem, Performance, Objeto, Teatro, Arte Sonora, Comix e Cinema Experimental. Seu interesse é referente ao impacto da cultura de massas na poética contemporânea, mas a partir de um ponto de vista periférico e anticolonial. Sama integrou exposições individuais e coletivas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Lisboa, Porto, Beja, Londres, Mindelo e Viena. Participou em várias bienais, entre elas; a I e a II Bienal Internacional de Histórias em Quadrinhos do Rio de Janeiro, sob o nome "Eduardo Felipe", e as: Bienal de Arte Contemporânea de Gaia e Bienal Internacional de Arte de Cerveira, sob o pseudônimo, "Sama".

 

BAD CINEMA














BAD CINEMA é um projeto artístico de Sama, que nos 

é apresentado em forma de vídeos, pinturas e desenhos 

geralmente feitos com tinta spray, instalações sonoras e 

performances, que têm referências nas produções dos

B Movie”, filmes de baixo orçamento, oriundos 

principalmente dos anos 70 e 80 do século XX, que 

abarcavam géneros diversos como, ficção científica, 

horror, artes-marciais e subgéneros como, sexploitation,

giallo etc… Filmes, muitos deles assistidos em reprises na

televisão, que outrora influenciaram o artista, e que, de 

um certo modo distorcido, e às vezes jocoso, preconizaram

os efeitos nefastos do Capitalismo Tardio no estado das 

coisas na atual realidade sócio-política-econômica 

ocidental. Soma-se a este caldo de cultura seminal, 

referências aos comix, romances policiais e música punk. 

Nas performances, onde são executadas peças sonoras, 

leituras e projeções, também integram o projeto a artista 

visual e cineasta Luísa Sequeira, cofundadora, com o 

artista Sama, da Oficina Imperfeita, um espaço de

desenvolvimento e práticas de arte de viés anti-

hegemônico e o músico experimental David Veredas.


Sobre o conceito, apesar das referências à elementos da 

cultura popular estarem presentes, uma associação direta

desta provocação de Sama com o movimento Pop Art dos

anos 60 seria no mínimo equivocada. Considerando que, 

apesar de também conter críticas à cultura de consumo, 

há na proposta original de Sama, uma denúncia que vai 

além, que resulta na demolição, ou reificação destes 

símbolos e ícones da cultura pop, expondo-os como 

agentes a serviço da supremacia anglo-saxã do norte 

global, que não obstante, ruma em ritmo acelerado para 

um estado de falência econômica, moral e cultural. 

Se para Warhol e Lichtenstein, Mickey ou Superman 

foram dignos de serem apresentados em museus e espaços 

de arte, com todas as suas cores, romantismo e glamour 

respectivos, para criticar e ao mesmo tempo celebrar a 

ascensão da classe média estadunidense, para Sama, um 

artista brasileiro que cresceu num país capitalista periférico, 

os mesmos são expostos nas suas versões mais ambíguas, 

primeiro como agentes imperialistas e posteriormente, 

como representantes do iminente colapso do poder 

hegemônico ocidental.

 

10/2025 


O vídeo "ELON" estreia na Mostra FUSO de videoarte, no MAAT em Lisboa, no dia 27 de agosto de 2025


 

Elon é uma obra de videoarte construída com poesia, música, composição visual, arte sonora, espírito crítico e até um pouco de humor ácido que tenta captar o Zeitgeist destes tempos de realidades virtuais, ameaças reais e os seus heróis artificiais.

texto, conceito original e realização: Sama 
voz e guitarra:  Carlos Lopes

https://fusovideoarte.com/fuso_eventos/elon/

Quem é Sama?

 

Sama é o "ghost artist" do artista contemporâneo brasileiro Eduardo Felipe Dutra. Eduardo Felipe iniciou sua carreira profissional trabalhando como ator no teatro e no cinema. Após uma formação na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro, sob o alter ego de "Sama" a sua produção autoral configurou-se num verdadeiro "Atlas", que desdobra-se por diversas linguagens e dispositivos artísticos, como desenho, pintura, escrita, colagem, performance, objeto, arte sonora, vídeo e cinema.

Os seus interesses são referentes ao impacto da cultura de massas na poética contemporânea. O olhar reactivo de Sama sobre este fenómeno nos é apresentado a partir de uma perspectiva periférica, carregada de um humor ácido, mas sempre ancorado numa reflexão ressignificativa, e geralmente acompanhada de um forte cunho político e social.

Após os prémios do XII Salão Universidarte e do XV Salão Carioca de Humor com o trabalho,"BIN LADEN BRADESCO" ambos em 2004, Sama ao longo da sua carreira, tem participado de diversas exposições individuais e coletivas de arte contemporânea em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Lisboa, Porto, Beja, Londres, Mindelo e Viena, entre outras. Dentre as suas exposições individuais mais recentes destacam-se "BLACKS FROM OUTER SPACE" no Centro Cultural do Mindelo (Cabo Verde, 2019), "KILL THE PRESIDENT" nos Maus Hábitos (Porto, 2019), "DETECTIVE AYAHUASCA" na MASC FOUNDATION (Viena, 2022) e "I DON’T DREAM IN A.I." na Galeria Extéril (Porto, 2024). Em 2020 além de integrar o elenco da peça/exposição A.N.T.I.G.O.N.A, produzida pelo TEP (Teatro Experimental do Porto), Sama produz várias pinturas e objectos de arte em parceria com a cenógrafa Catarina Barros, que estiveram em exposição no Teatro Carlos Alberto no Porto. No ano de 2021, Sama foi um dos artistas convidados para a 4ª Bienal Internacional de Arte de Gaia, onde integrou a exposição "A Democracia é uma obrigação de todos os dias" com a curadoria de Valter Hugo Mãe. Em 2024, Sama foi também um dos artistas selecionados para a 23ª Bienal Internacional de Cerveira, onde apresentou a obra "SORRIA".

Além da sua produção expositiva, Sama publicou livros e zines de comix que já foram distribuídos no Brasil, França e Portugal como, A BALADA DE JOHNNY FURACÃO Editora Flâneur (Brasil 2011), NADA A TEMER auto-edição (Portugal/Brasil 2016), A ENTREVISTA Edição Mundo Fantasma (Portugal -1º ed. 2015/ 2ª ed. 2018), MONDO SAMA Editora Noir (Brasil 2018), TRANZOMBA/DETETIVE AYAHUASCA auto-edição (Portugal 2022) entre outros... Juntamente com a sua companheira, Luísa Sequeira, fundou a OFICINA IMPERFEITA, um espaço localizado na cidade do Porto dedicado ao desenvolvimento e prática de arte de viés anti-hegemónico. Em parceria, lecionam workshops de cinema e apresentam filmes experimentais e documentários em diversos países, como Portugal, Noruega, São Tomé e Príncipe, França, Alemanha, Reino Unido e Brasil.


Ainda no campo audiovisual, Sama também se destaca pelas suas performances de desenho e mise-en-scène ao vivo, denominadas "INTERVENÇÕES SAMÂNICAS", como a realizada no Círculo Sereia – Anozero da Bienal de Coimbra (2024) e em diversas edições dos CONCERTOS DESENHADOS no Festival Internacional de BD de Beja. Para além disso, Sama tem-se dedicado à realização de filmes experimentais, entre os quais se incluem a série de animação erótico-noir de 13 episódios "Motel Sama" co-realizada com Luísa Sequeira, que foi produzida e exibida no Canal Brasil, Sama também é o responsável pelas animações, assemblages e ilustrações do documentário O QUE PODEM AS PALAVRAS de Luísa Marinho e Luísa Sequeira, filme vencedor do Prémio do Público na 20ª edição do DocLisboa (2022). Sama também concebeu e realizou o curta transmídia "Detective Ayahuasca", o vídeo-protesto "SK8 for Freedom" e o vídeo "ELON", que contou com a participação do músico Carlos Lopes(Dorsal Atlântica). ELON foi selecionado para o FUSO - Festival Internacional de Videoarte de Lisboa (2025).



ELON by Sama & Carlos Lopes

www.youtube.com/watch?v=Bxt_Y0ZIdAM

ELON - A work of art by Sama & Carlos Lopes created with poetry, music, visual composition, sound art, critical spirit and even a bit of acid humor that tries to capture the Zeitgeist of these times of virtual realities, real threats and their artificial heroes. / Um trabalho de arte por Sama & Carlos Lopes construído com poesia, música, composição visual, arte sonora, espírito crítico e até um pouco de humor ácido que tenta captar o Zeitgeist destes tempos de realidades virtuais, ameaças reais e seus heróis artificiais.

SORRIA - (Smile, you are being recorded)

 


Sorria - Trabalho selecionado para a 23ª edição da Bienal Internacional de Arte de Cerveira que tem como tema, "És Livre?" 

Bienal de Cerveira

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